Dialogar não é simplesmente falar, produzir palavras, fazer gestos dosados. É ser espontâneo, singelo, sincero. É abrir o livro de nossa história para que os outros leiam nossos textos ocultos. É sair do prefácio para conhecer os capítulos mais importantes das pessoas com as quais nos relacionamos.
Dialogar é falar o que as pessoas necessitam ouvir e não apenas o que nos interessa. É ouvir o que os outros têm para nos dizer e não o que queremos ouvir. Dialogar não é conversar, emitir sons, falar do trivial. Dialogar é se entregar. É provável que a quase totalidade das pessoas não saiba dialogar, mas conversar.
Dialogar é se deixar conhecer sem medo pelo cônjuge, filhos e amigos. É tirar as máscaras sociais. É chorar se necessário. É falar de nossas fragilidades, discutir nossas inseguranças, dissecar nossos temores, penetrar no tecido dos nossos traumas. O quanto as pessoas o conhecem revela o nível do seu diálogo com elas. Não reclame delas, reclame de você mesmo.
Ter capacidade de dialogar é adquirir o que o dinheiro não pode comprar, o poder não consegue atingir, a fama não é capaz de alcançar. É ser apenas uma pessoa com seus acertos e erros, toques e ousadia e reações de timidez, lances de lucidez e momentos de estupidez. É sair da esfera do heroísmo para entrar na esfera do humanismo.
Dialogar não é controlar pessoas, mas dar oportunidade para que elas se expressem. Se você não der liberdade para seus filhos, cônjuge ou colega de trabalho se expressarem, não promove a liberdade, mas o bloqueio psíquico. Dialogar não é dizer apenas ?Eu penso isso?, mas sempre perguntar ?O que você pensa disso??
Dialogar não é dominar reuniões, mas dividir a pauta. Não é ser rígido na imposição de idéias, mas debatê-las. Não é querer ser uma estrela, mas estimular os outros a brilhar. Não é ficar tenso, mas relaxar. Não é se preocupar excessivamente com a opinião dos outros, mas se soltar.
Dialogar é irritar a emoção com saúde e o intelecto com criatividade. Não é apontar os erros dos outros, mas reconhecer os próprios. Não é discorrer sobre os desapontamentos e frustações de que somos vítimas, mas os que nós causamos.
Dialogar é olhar para dentro de nós mesmos. É tirar as vendas dos nossos olhos para poder ajudar os outros a enxergarem. Não é apenas ensinar uma criança, mas aprender com ela, com sua singeleza e vivacidade. Não é ser manual de regras, mas um manual de vida. Não é revelar a insanidade dos outros, mas descobrir a nossa.
Dialogar não é expor publicamente as falhas dos adolescentes, mas corrigi-los secretamente e exalar suas qualidades. Não é exigir resultados imediatos, mas plantar sementes. Dialogar é procurar falar a linguagem dos outros, viver seus sonhos, entrar em seus conflitos.
Dialogar não é constranger um colega de trabalho, mas encorajá-lo. Não é diminuí-lo, mas incentiva-lo. Dialogar é ter o prazer de explorar o mundo do outro. É entender que os conflitos, medos, ansiedades, derrotas fazem de cada ser humano um personagem complexo e interessante. Não é excluir, mas abraçar. Não é punir, mas compreender. A arte do diálogo implica ser um mestre em aprender.