NOTA DE ESCLARECIMENTO
A CBK (Confederação Brasileira de Karate) vem a público, por meio de nota, esclarecer o fato ocorrido no Campeonato Pan-Americano de Karate, realizado em Santa Cruz (Bolívia) no período de 24 a 30 de agosto de 2015.
A comissão técnica da CBK desenvolveu um planejamento de treinamento, reuniões e palestras para todos os atletas brasileiros presentes em Santa Cruz. O planejamento foi seguido e executado pela comissão técnica.
Dentre as atividades previstas, havia uma reunião motivacional e informativa todos os dias antes da competição, no hotel sede da Seleção Brasileira, às 7h10, destinada aos atletas que competiriam no respectivo dia. Na atividade, a comissão técnica repassava todas as informações da organização do evento. As ações foram extremamente válidas para todos os atletas, tanto para os que estavam no hotel sede, como para os que estavam em outros hotéis, visto que este era o único momento em que os técnicos conseguiam reunir todos os competidores.
As reuniões foram realizadas normalmente nos dias 27, 28 e 29, e a cada dia o encontro se tornava mais importante, pois a organização do evento alterou o cronograma prévio inúmeras vezes, na tentativa de adequá-lo ao tempo de duração da competição. No evento, houve um total de quatro alterações de cronograma durante os três dias de torneio -- ocorreu o absurdo de transferir as finais do dia 27 (quinta-feira) para o dia 28 (sexta-feira). O Brasil sempre se posicionou contra as mudanças de última hora, mas sempre foi voto vencido, já que os demais países acataram e concordaram com as alterações dos organizadores.
Todas as mudanças foram repassadas aos atletas durante as reuniões prévias à competição, às 7h10, como mencionado anteriormente nesta nota. Desta forma, foi possível trabalhar harmoniosamente com os atletas, sem nenhuma intercorrência até o dia 29 (sábado). Na ocasião, pela categoria sub-21 (-60 kg), ocorreu um incidente com o atleta Andrew Vicente, que não esteve na referida reunião e chegou atrasado ao evento, mais precisamente 20 minutos após o início de sua categoria, o que acarretou em sua desclassificação.
Naquele momento, o técnico responsável no tatame 2 era o professor Vanderlei Oliveira, em conformidade com o modo operacional da comissão da CBK, em que cada treinador ficava responsável por um tatame. Visto o ocorrido, o referido técnico tentou ao máximo intervir junto à arbitragem para que o atleta pudesse competir -- um árbitro brasileiro que atuava naquela quadra conseguiu alterar a ordem de alguns combates, aguardando a chegada do atleta brasileiro. No entanto, houve um momento em que não havia mais prerrogativa, autonomia e justificativa para aguardá-lo e foi aplicada a desqualificação por KIKEN.
Andrew Vicente havia acabado de adentrar o ginásio e, rapidamente, se fez em quadra. No entanto, a arbitragem não aguardou o atleta, alegando que já tinha esperado demais. A diretoria técnica desta entidade tentou de todas as formas possíveis reverter a situação, mas sem êxito. Após muita "discussão" com a arbitragem, a diretoria técnica da Seleção Brasileira conseguiu perante a arbitragem o direito de que, caso o atleta entrasse para a repescagem, tivesse a possibilidade de voltar à disputa.
A situação é delicada. Vale ressaltar que entre os 93 atletas da delegação, apenas um enfrentou o problema. A perda não é apenas do atleta, mas para todo o time do Brasil, inclusive para os técnicos presentes, que trabalharam arduamente para preparar reuniões, palestras e treinamentos; por estarem todo o tempo disponíveis para todos os atletas e em todas as categorias, sendo os primeiros a chegar e os últimos a sair do ginásio, muitas vezes sem almoçar. Ao ver um atleta ser desclassificado desta forma, aa CBK se mostra frustrada, visto que o competidor tinha reais chances de medalhar para o Brasil.
A complexa e difícil situação deixa sequelas importantes, pois sabemos das dificuldades enfrentadas na preparação, da conquista pela vaga, dos entraves financeiros que assolam o esporte em nosso país. Por saber disso, a diretoria e comissão técnica desta entidade batalhou até o último momento para interceder pelo seu atleta e, consequentemente, pelo seu professor, seu técnico, pais e companheiros de treino.
O Karate do Brasil lamenta o ocorrido e entende que esta fatalidade pode e deve servir de aprendizado para atletas de todo o Brasil em futuras competições!
Att.
Confederação Brasileira de Karate
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